terça-feira, 21 de setembro de 2010

Perfeição.

Escrevo para lhe dá forma.
Contorno e matéria.
Assim te sinto perto, ao meu lado...
Presente tu ficas nas minhas prosas;
nos meus devaneios noturnos.
Na ponta do lápis;
que teimosamente descreve você;
imagina você ou talvez invente você...
Prefiro te achar nos meus papéis;
por tornas-te perfeito.
Do jeito meu.Sem tirar nem pôr.
Na medida do meu corpo;
no encaixe momentaneamente simétrico.
Visivelmente divino...
Puro, quase descoberta, inovador.
Sem passado, só o presente.
Impar, sem comparações...
Ficas impregnado, não sai.
Estar ali pra sempre, em papéis;
na minha memória;que te cria, que te traz pra mim...

 Salvador, Agosto de 2007.

Música dos passarinhos.

http://www.youtube.com/watch?v=7VxZZzxEzXA&feature=player_embedded

Uma poesia musical, singela e divina...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tempo.

A cada dia que passava, ele mais se distanciava dela, as palavras se perderam no tempo, já não tinha mais o frio da ansiedade - a expectativa do que poderia vir.
O olhava como gente comum.
As estrelas já não tinham o condão de fazê-la se interiorizar em um mundo a dois; o cheiro dele não se agregou ao dela.
O tempo ao lado dele perdeu-se em ecos de uma memória não muito lúcida.

Salvador, Julho de 2010.
                         

                          

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Filhos de hippies.

Nasci numa época de transição. Transição em tudo... Da política, de tecnologia, de valores, desse último, prefiro dizer a expressão inversão – isso, inversão de valores, os meus pais quando jovens ouviam Beatles se embalavam na pureza de Love me do. Tinham dentro de si o amor, que libertava, superava, melhor, revolucionava, a época era propicia pra isso, pois a ditadura reprimia, massacrava a liberdade de expressão. Ser jovem era sinônimo de idéias novas, seres pensantes, que não deviam ser escutados.
Acho que, esses fatores aguçavam a critica, a vontade de ser mais, de ir além, claro que viver numa ditadura não deve ter sido nada fácil... Mas assumo – eu -fruto de uma geração revolucionária, onde “fumar um” não tinha o intuito de apenas ficar doidão e deixar a vida correr... e sim de fazer despertar, de fazer pensar; sinto a necessidade de freios, nunca, jamais da opressão, mas de limites.
A impressão que tenho daquela época era que nada era por nada, mas por uma ideologia, por algo mais, e a Ditadura deu azo a isso, já que para se destacar, você tinha que ser bom, o melhor, pois a oposição era o jovem, estes que tinham que fazer algo, combater a repressão, e para isso se tornavam os verdadeiros representantes de gritos contidos.
Lembro – me como hoje quando conheci Carlos e Loreta Valadares, desde pequena ouvia histórias sobre a vida desse casal, amigos do meu pai. Ele, médico, baiano, ela, gaúcha, advogada, mas com veia jornalística. Revolucionários, foram exilados pra Suécia, lá se tornaram locutores de rádio, eram “procurados” pela Policia Brasileira. Carlos, antes do exílio, foi dado como morto, quando deixado na porta de um hospital público do Rio de Janeiro, por sofrer torturas. As lesões no seu rosto eram tão profundas, que os próprios colegas de trabalho não o reconheceram. Loreta, também, foi torturada e presa.
Porém, de longe continuaram seus sonhos, a busca da liberdade de ser, de existir, de fazer, e de pensar...
Quando os vi pessoalmnte, eu tinha uns 15 ou 16 anos. Ela, debilitada, frágil, sofria de séria doença de coração, esta que lhe acompanhava desde moça. Ele, alto, de sorriso largo, de cabelos já grisalhos, doce, de voz serena. Faziam poesias, escreviam contos, não precisavam mais lutar por ideais já conseguidos...
Mas uma coisa me chamou atenção, era o olhar- sim - o olhar daquele casal, ainda apaixonados... Era olhar de jovens atentos, como se a vida fosse muito pouca pra eles. Olhar de gente destemida. Não é a toa que na capital da Bahia, se tem um Instituto do Coração chamado Loreta Valadares, cidade esta que lhe homenageou, lhe dando o título de cidadã baiana...
Pois bem, hoje me encontro em uma realidade distinta, onde existem mais facilidades, estamos na era cibernética, mp3, mp4, e por ai vai... Não precisamos nos esconder, nem fugir quando queremos nos expressar, aliás, hoje em dia tudo se é falado, sem filtro, sem limites.
Na faculdade recordo-me de uma frase de um professor, querendo demonstrar para seus pupilos os motivos do caos em que a sociedade brasileira se encontrava, e ao mesmo tempo nos ensinar a matéria, disse em bom tom:
-Antes da constituição de 1988, tudo era proibido, depois dela tivemos liberdade, muitos direitos, e não nos foi orientado a lidarmos com eles, tendo como conseqüência a falta de valoração dos mesmos, já que tudo se pode...
Será realmente que esse pensamento explica essa inversão de valores que nos encontramos hoje em dia?
Para responder essa pergunta lembro-me de outro ponto de vista, agora muito mais vanguarda, que simpatizo mais... Encontro-a nas palavras do advogado do excêntrico Larry Flynt (dono da primeira revista pornográfica americana, a Huslter), em defesa da liberdade de expressão do seu cliente, onde no tribunal fez uma brilhante defesa contra conservadores e religiosos que perseguiam Larry. Em que disse:
-Não! Eu não compro as revistas de Larry Flynt, melhor, eu as acho de muito mau gosto, porém me incomodaria profundamente se elas não estiverem mais nas bancas de revistas, já que dessa forma estariam “calando a boca” do meu país.
Sendo, assim, discordo do mestre acima e aprovo as palavras do advogado de Larry. Ora! Não é uma constituição mais libertária que vai mudar as pessoas pra pior, os jovens da ditadura precisavam ser guerreiros, era quase uma questão de sobrevivência. Eu quero é mais viver em um país livre! Mesmo que para isso eu tenha que assistir Faustão e Cia e ouvir Latino!
O que o jovem não pode, é perder o senso critico, e sim saber o que é ridículo e superficial e querer ou não viver com isso. Não vou me importar se tenho amigos que vivem no “Maia” (o manto da ilusão na cultura Indiana), o que eu não quero é não poder optar por esse estilo de vida- medíocre- mas por opção...
Por isso... Viva Carlos e Loreta! Por dedicarem as suas vidas por um país mais justo e livre, e, também, vamos agradecer “Os Latinos”, “A calça jeans Diesel” (que torna você muito mais legal! Ahahahahah...) e toda essa alienação em massa, porque senão tivéssemos eles, não saberíamos valorizar o que é bom e verdadeiro...
E, apesar, de ser clichê... Eu ainda fico com o baiano Raul Seixas:
- Prefiro ser essa metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
Viva Raul!

 Salvador, Agosto de 2007.





Edulcorante.

A vida lhe cobrava ser doce – era mais bem quista. Mas algo lhe fazia ser dúbia, ora amarga, ora açucarada. Mas fazer o quê? Preferia  mesmo o “edulcorante”.

Salvador, Julho de 2010.